terça-feira, 10 de maio de 2011

Sensação: tamanho ervilha



Porque existem pessoas/situações que nos fazem sentir tão pequenos mas tão pequenos, minúsculos. Hoje foi um desses momentos.

Na mesma paragem de autocarro em que entrei, estava um rapaz de cadeiras de rodas para tentar entrar.

O condutor teve de o ir ajudar, pegou na cadeira e ele conseguiu com uma das perna subir aquele que para nós é um pequeno degrau mas que para ele, deve ter sido enorme.

Ficou à minha frente. Tentava-se segurar aos ferros do autocarro. Nas curvas a cadeira travada mexia-se e ele tinha de fazer força com os braços cansados para se segurar.

Numa curva mais apertada, o rapaz ao meu lado tinha de colocar o pé na cadeira para o ajudar a segurar-se.

Durante toda a viagem o meu coração estava nervoso, tal como eu. Com receio de que numa curva mais longa e apertada ele não se conseguisse segurar. Ao longo do caminho, fui sempre pensado do quanto somos ridículos quando nos queixamos de pequenos males nas nossas vidas, de que o tempo não está como queremos bla bla bla.

Estas pessoas é que se deveriam queixar, e não o fazem, lutam. No entanto, aos meus olhos, são verdadeiras forças de coragem, de luta e de esperança, heróis.

Lutam todos os dias para saírem de casa, para tentarem uma nova etapa, reúnem forças contra os olhares reprovadores, contra a indiferença.

Hoje esta pessoa, de quem nem sei o nome, a idade, profissão (de quem não sei nada), marcou-me o dia.

Ficou-me na ideia e no coração a sua cara, a sua luta, o seu esforço constante dia-a-dia, por coisas que para nós são banais, como uma viagem de transporte público.

Obrigada, por me fazerem sentir assim, por ter vontade de chorar por elas, pela dor que me causam e pela vergonha que senti, por me queixar de insignificâncias.

Foste hoje o meu herói, rapaz!

Sem comentários:

Enviar um comentário